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Fraudes, contaminações e prevenção: o alerta sobre os riscos à segurança dos alimentos

Fraudes, contaminações e prevenção: o alerta sobre os riscos à segurança dos alimentos

Entenda como a atuação técnica e a fiscalização rigorosa podem evitar fraudes e contaminações intencionais na produção de alimentos

A segurança alimentar é um dos maiores desafios do mundo moderno — e envolve muito mais do que garantir qualidade e sabor aos produtos. Ela depende de políticas eficazes, fiscalização constante e da atuação de profissionais preparados para prevenir fraudes e contaminações intencionais. 

Conversamos com a zootecnista especialista em Gestão da Qualidade e Segurança dos Alimentos, Hellen Sabino, que explicou os conceitos de food fraud e food defense - fraude alimentar e defesa alimentar, suas implicações e a importância da conscientização sobre o tema.

O que são, na prática, food fraudfood defense?

Hellen Sabino: Food fraudfood defense -  fraude alimentar e defesa alimentar, são dois conceitos previstos na legislação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Ambos são obrigatórios para empresas produtoras de alimentos — principalmente as de origem animal.
A diferença é que o food fraud (fraude alimentar) trata de fraudes com fins econômicos, como adulterações e substituições de ingredientes para obter lucro indevido. Já o food defense (defesa alimentar) envolve ações intencionais de sabotagem ou contaminação, com o objetivo de causar danos à saúde pública ou à imagem das empresas.

Por que esse tema é tão importante para os profissionais responsáveis pela fiscalização e para o setor de alimentos?

Hellen Sabino: Porque está diretamente ligado à nossa responsabilidade técnica sobre a produção de alimentos seguros. Médicos-veterinários, zootecnistas e demais colaboradores da indústria de alimentos são fundamentais para garantir que as normas e controles sejam cumpridos. Esses conceitos não tratam apenas de qualidade, mas de proteção à vida humana, já que alimentos contaminados podem causar intoxicações graves e até mortes.

Como surgiu a preocupação com o food defense (defesa alimentar)?

Hellen Sabino: A atenção global ao tema aumentou após os atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos. Desde então, o mundo passou a temer o bioterrorismo — ataques a pessoas ou nações por meio do envenenamento de água e alimentos. A partir desse momento, governos e órgãos internacionais fortaleceram legislações e protocolos de segurança alimentar.

É realmente possível ocorrer sabotagem alimentar intencional?

Hellen Sabino: Há situações de pessoas e colaboradores mal intencionados, que podem fazer uso de contaminantes físicos, químicos e biológicos para contaminar alimentos e água. Além disso, pode também adulterar produtos. Por isso, a importância da criação de uma cultura de prevenção e segurança é essencial.

E quanto às fraudes alimentares, como elas acontecem?

Hellen Sabino: As fraudes geralmente têm motivação econômica. Exemplos clássicos incluem adulteração de bebidas destiladas e fraudes no leite, como adição de água ou peróxido de hidrogênio para aumentar o rendimento. Nesses casos, o consumidor paga por um produto que não corresponde à sua composição e ainda se expõe a riscos sérios à saúde.

Há casos emblemáticos que servem de alerta para a indústria?

Hellen Sabino: Sim. Um dos mais marcantes ocorreu na China, quando um leite infantil foi adulterado com um composto químico que, ao reagir termicamente, formou melamina — uma substância altamente tóxica. Muitas crianças morreram, e as que sobreviveram ficaram com sequelas graves. Os três responsáveis pela empresa foram condenados à morte. Esse caso ilustra a gravidade das fraudes alimentares e a necessidade de rigor nas inspeções.

Como o Brasil se enquadra nesse cenário de prevenção e fiscalização?

Hellen Sabino: O país possuí um Legislação robusta, mas ainda enfrenta alguns desafios. O Ministério da Agricultura regula e monitora, mas as empresas e profissionais precisam agir de forma proativa, implementando controle de acessos e treinamentos contínuos para promover a Cultura de Segurança de Alimentos nos colaboradores.

Qual é o papel dos profissionais da área nesse contexto?

Hellen Sabino: É garantir que todos os procedimentos e legislações sejam seguidos. Gestores e responsáveis técnicos são fundamentais para manter a segurança em todas as etapas — desde a produção até a comercialização. Além disso, é papel desses profissionais orientar, fiscalizar e promover a conscientização dentro das empresas e instituições.

Como esses conceitos podem ser aplicados no dia a dia das empresas?

Hellen Sabino: Por meio dos Programas de Autocontrole (PAC), Programas de Qualidade, qualificação de fornecedores e de matérias-primas, além de auditorias internas e externas e treinamentos regulares. Também é essencial adotar sistemas de rastreabilidade e inspeções constantes, que ajudem a identificar irregularidades antes que cheguem ao consumidor.

Que mensagem você deixaria para os profissionais e para a sociedade?

Hellen Sabino: A segurança alimentar é uma responsabilidade compartilhada. Cabe às empresas e profissionais garantir alimentos seguros e de qualidade, e ao consumidor, cobrar transparência e fiscalização. Food fraudfood defense ( fraude alimentar e defesa alimentar) não são apenas termos técnicos — são ferramentas de proteção à vida e à confiança no alimento que chega à mesa do brasileiro.

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