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Dezembro Verde: mês de conscientização contra o abandono e os maus-tratos a animais

Dezembro Verde: mês de conscientização contra o abandono e os maus-tratos a animais

Dezembro Verde Pet é um convite à responsabilidade: um mês para lembrar que abandono e maus-tratos não são casos isolados, mas um problema que gera sofrimento, riscos à saúde pública e impactos ambientais. A campanha reforça que cuidado é compromisso diário, e que informação, denúncia e guarda responsável fazem toda a diferença para proteger cães e gatos.

Para aprofundar o tema, a médica-veterinária Aline Matos, preceptora de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Uniube (HVU), compartilhou informações sobre os impactos do abandono na saúde e no bem-estar dos animais, os reflexos para a saúde pública e as principais orientações de posse responsável, com destaque para a prevenção, a castração, a identificação e a importância da denúncia em casos de maus-tratos.

O que é a campanha Dezembro Verde e qual é o principal objetivo desta mobilização anual?
Aline Matos: O Dezembro Verde é uma campanha de conscientização criada em 2015 para chamar a atenção para a gravidade do abandono de animais e reforçar a necessidade da posse responsável. Surgiu da observação de que o abandono é um fenômeno repetitivo, sazonal e com impacto direto no bem-estar animal e na saúde coletiva. A campanha tem como objetivo sensibilizar a população, orientar tutores e estimular práticas preventivas, como castração, identificação e educação sobre responsabilidades.

Por que dezembro é um período crítico para o aumento dos casos de abandono de animais?
Aline Matos: O fim do ano reúne uma série de fatores que aumentam o risco de abandono: compra ou adoção impulsiva de animais como presente, viagens sem planejamento de estadia do pet, mudanças de moradia, despesas elevadas típicas do período e frustrações com comportamentos naturais de filhotes. Isso resulta em maior número de entregas voluntárias, descartes na rua e abandono de crias indesejadas.

Quais são os impactos do abandono na saúde e no bem-estar dos animais?
Aline Matos: O abandono expõe cães e gatos a riscos imediatos, como desnutrição, desidratação, infecções, parasitoses, atropelamentos, agressões e condições climáticas extremas. No médio prazo, surgem distúrbios comportamentais relacionados ao medo e ao estresse, além de agravamento de doenças pré-existentes. É um cenário de sofrimento contínuo e alta mortalidade.

De que forma o abandono afeta também a saúde pública e o equilíbrio ambiental? 

Aline Matos: O abandono amplia a circulação de animais sem vacinação, sem controle de parasitas e sem acompanhamento sanitário, o que aumenta o risco de transmissão de zoonoses e de acidentes envolvendo mordeduras. Esses animais também contribuem para a contaminação ambiental por fezes e carcaças, favorecendo a manutenção de vetores e agentes patogênicos.

Do ponto de vista ecológico, cães e gatos errantes predam a fauna silvestre, especialmente aves e pequenos mamíferos, competem com espécies nativas e alteram a dinâmica de áreas urbanas e periurbanas. O aumento dessas populações descontroladas desequilibra cadeias alimentares e intensifica problemas de superpopulação quando não há medidas preventivas adequadas.

Existem dados regionais sobre abandono que reforcem a importância da campanha?
Aline Matos: Dados de atendimentos e resgates mostram um aumento consistente de ocorrências entre dezembro e fevereiro. Também é comum observar que a maioria dos filhotes recebidos nesse período é fruto de ninhadas não planejadas de animais não castrados. Esses padrões reforçam a necessidade de campanhas específicas e estratégias de prevenção contínua.

Como a posse responsável contribui diretamente para a redução do abandono?
Aline Matos: A posse responsável envolve avaliação prévia da capacidade de cuidar do animal, vacinação e vermifugação adequadas, castração quando indicada, identificação, educação comportamental, enriquecimento ambiental e planejamento de ausências. Tutores conscientes e bem orientados tendem a manter o animal de forma segura e estável, reduzindo drasticamente os índices de abandono.

A castração ajuda a reduzir o abandono? Por quê?
Aline Matos: Sim. A castração reduz a reprodução indesejada, diminui comportamentos de fuga, agressividade por disputa e marcação territorial e facilita o manejo no ambiente doméstico. Em populações maiores, políticas amplas de esterilização têm impacto direto na redução de animais errantes e na diminuição de entregas em períodos críticos.

Quais são os principais cuidados que os tutores devem manter para garantir o bem-estar dos pets?
Aline Matos: Os cuidados essenciais incluem vacinação atualizada, controle regular de parasitas, nutrição adequada, água fresca, ambiente seguro, atividade física e estímulos diários, acompanhamento veterinário periódico, socialização e manejo comportamental, além de identificação e castração quando indicada. Esses pilares são determinantes para boa qualidade de vida.

Como agir ao presenciar um caso de maus-tratos ou abandono?
Aline Matos: O ideal é registrar a situação com fotos, vídeos, endereço e horário, acionando a autoridade competente para denúncia formal. Se possível, encaminhar o animal para atendimento veterinário e solicitar laudo clínico, que é importante para subsidiar a investigação. Documentação organizada aumenta a chance de responsabilização do agressor.

Qual é a importância de hospitais veterinários, universidades e ONGs na prevenção e combate ao abandono?
Aline Matos: Esses serviços atuam diretamente no atendimento clínico e cirúrgico, nas castrações, nas ações educativas, no acolhimento de animais vítimas de abandono e na emissão de laudos que auxiliam a responsabilização legal. Também desenvolvem projetos e atividades que ajudam a reduzir o número de animais errantes e a orientar a comunidade.

De que forma o HVU contribui para o resgate, atendimento e reabilitação de animais vítimas de abandono ou maus-tratos?
Aline Matos: O HVU oferece triagem, estabilização, tratamento clínico e cirúrgico, internação, castração e reabilitação dos animais atendidos. Também realiza emissão de laudos, desenvolve ações de educação e participa de iniciativas preventivas. Essa atuação integrada permite acolher, tratar e reinserir animais que sofreram abandono, contribuindo para reduzir o sofrimento e promover bem-estar.

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