Dezembro Laranja: mês de conscientização sobre câncer de pele em cães e gatos

O Dezembro Laranja Pet reforça a importância da conscientização sobre o câncer de pele em cães e gatos, uma doença silenciosa que pode comprometer seriamente a saúde e a qualidade de vida dos animais. A campanha chama a atenção dos tutores para fatores de risco, sinais clínicos e, principalmente, para a prevenção e o diagnóstico precoce, fundamentais para o sucesso do tratamento.
Para aprofundar o tema, a médica-veterinária Thamires Arantes, especialista em clínica médica de pequenos animais e preceptora do setor de Clínica Médica do Hospital Veterinário da Uniube (HVU), explica os principais fatores de risco, os sinais de alerta que merecem atenção e as medidas de prevenção que podem ser adotadas no dia a dia para proteger cães e gatos.
O que é o Dezembro Laranja Pet e por que é importante falar sobre câncer de pele em cães e gatos?
Thamires Arantes: O Dezembro Laranja é uma campanha de conscientização sobre o câncer de pele que, nos últimos anos, passou a incluir também a Medicina Veterinária. O objetivo é informar e alertar os tutores de que doenças como carcinomas e melanomas também podem afetar cães e gatos. Falar sobre esse tema é fundamental, pois a prevenção e o diagnóstico precoce são determinantes para o sucesso do tratamento e para a qualidade de vida dos pets.
Quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele em pets? Existem raças ou características mais vulneráveis?
Thamires Arantes: Os fatores de risco podem ser divididos em: genéticos , que são imutáveis, e ambientais, que podem ser prevenidos. Entre os fatores genéticos, destacam-se cães das raças Boxer, Pit Bull, Bull Terrier, Dálmata, Beagle e Labrador, além de gatos da raça Siamês. De forma geral, pets de pele clara ou despigmentada, com menor quantidade de melanina, que atua como proteção natural contra os raios solares, e animais de pelagem curta apresentam maior risco. Já entre os fatores ambientais, a exposição excessiva ao sol é de extrema relevância. Pets com essas características e que costumam tomar sol com frequência merecem atenção especial.
Quais sinais clínicos os tutores devem observar na pele dos animais que podem indicar algo mais grave, como um possível câncer de pele?
Thamires Arantes: Os tutores devem observar o surgimento de nódulos, verrugas, pintas, feridas que não cicatrizam, manchas avermelhadas ou mais escuras que surgem sem explicação, além de lesões com sangramento, coceira intensa ou aumento de volume. Regiões como abdômen, focinho e orelhas costumam ser mais afetadas por ficarem mais expostas ao sol. É importante reforçar que nenhuma lesão deve ser subestimada, pois a apresentação clínica pode variar conforme o tipo e a gravidade do quadro.
De que forma a exposição ao sol influencia a saúde da pele dos pets e quais cuidados diários podem ajudar na prevenção?
Thamires Arantes: A exposição moderada ao sol é importante para a síntese e regulação hormonal dos pets. No entanto, de forma excessiva, especialmente em animais predispostos, os raios solares podem causar queimaduras e mutações celulares, que estão na origem de diversos tipos de câncer de pele. Atualmente, já existem protetores solares específicos para pets, em forma de spray ou loção. Cabe ao médico-veterinário orientar o uso adequado em animais que ficam expostos ao sol por períodos prolongados, como durante passeios, viagens ou em pets que tomam sol diariamente. Outro ponto importante é a tosa. Ao contrário do que muitos tutores acreditam, o pelo não aumenta o calor; ele atua como proteção e auxilia na regulação térmica. Por isso, tosas muito radicais, especialmente no verão, devem ser evitadas, pois comprometem essa proteção natural.
Qual é o papel do médico-veterinário na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento do câncer de pele em cães e gatos?
Thamires Arantes: O médico-veterinário tem papel essencial desde a orientação preventiva até o diagnóstico e o tratamento. Toda lesão de pele deve ser avaliada e, quando necessário, investigada por meio de exames de triagem, como a citologia, e exames definitivos, como a biópsia. Dependendo do diagnóstico, pode ser indicado o estadiamento tumoral para avaliar a presença de metástases. Em muitos casos, o tratamento cirúrgico e o acompanhamento com um médico-veterinário oncologista, inclusive com quimioterapia, podem ser recomendados.
Quais orientações você daria aos tutores para manter a pele dos pets saudável durante todo o ano, e não apenas no Dezembro Laranja?
Thamires Arantes: A saúde da pele começa com uma alimentação de qualidade. A pele é um dos primeiros órgãos a demonstrar alterações quando algo não vai bem com a saúde do animal e reflete diretamente seu estado geral. O uso de rações super premium e dietas balanceadas é fundamental. Além disso, é importante observar sinais como coceira excessiva, vermelhidão, mau odor, surgimento de nódulos e presença de pulgas e carrapatos. Manter a higiene adequada, utilizar produtos apropriados para cada tipo de pele — sempre com avaliação prévia do veterinário, evitar passeios nos horários de pico de radiação solar e realizar consultas veterinárias regulares são atitudes simples que fazem toda a diferença para a saúde e o bem-estar dos pets.