Setembro Vermelho: mês de conscientização sobre saúde cardiovascular pet

O Setembro Vermelho Pet é uma campanha voltada para a conscientização sobre a saúde cardiovascular dos animais de estimação. Inspirada no Setembro Vermelho, que destaca a importância da prevenção das doenças cardíacas em humanos, a iniciativa adapta o movimento para o universo pet, reforçando a necessidade de cuidados especiais com o coração dos animais. O objetivo é orientar tutores sobre prevenção, diagnóstico precoce e qualidade de vida, lembrando que o cuidado com o sistema cardiovascular é fundamental para a longevidade e o bem-estar dos pets.
Para aprofundar o tema, a médica-veterinária Raphaela Marques Canola, mestre e doutora em Cardiologia Veterinária, diplomada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária (SBCV) e atuante no Hospital Veterinário da Uniube (HVU), compartilhou informações sobre os sinais de alerta, formas de prevenção e avanços no diagnóstico das doenças cardíacas em cães e gatos.
O que é o Setembro Vermelho Pet e qual a importância dessa campanha para a saúde dos animais?
Raphaela Marques: O Setembro Vermelho Pet é uma campanha de conscientização voltada à saúde cardiovascular dos animais de companhia, com o objetivo de alertar tutores e profissionais sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado das doenças cardíacas em cães e gatos. A campanha reforça que, na maioria dos casos, a cardiopatia se inicia de forma silenciosa e só se manifesta nas fases mais avançadas, quando o prognóstico pode ser menos favorável. A informação e o diagnóstico precoce aumentam a qualidade e a expectativa de vida dos pets.
Quais são as principais doenças cardiovasculares que acometem cães e gatos?
Raphaela Marques: Em cães: Doença mixomatosa da valva mitral (endocardiose mitral), comum em cães de pequeno porte e idosos; cardiomiopatia dilatada (CMD), mais frequente em raças grandes e gigantes, mas que também pode acometer o Cocker Spaniel; além de arritmias, primárias ou secundárias. Em gatos: Cardiomiopatia hipertrófica (CMH), principal cardiopatia felina, geralmente assintomática até fases avançadas; além de outras cardiomiopatias, como a restritiva, dilatada, arritmogênica e não classificadas.
Quais sinais e sintomas os tutores devem observar que podem indicar problemas cardíacos nos pets?
Raphaela Marques:
- Tosse persistente (principalmente em cães);
- Cansaço fácil e intolerância ao exercício;
- Desmaios (síncope) ou fraqueza;
- Respiração acelerada ou dificuldade respiratória;
- Aumento abdominal (ascite);
- Perda de peso ou apetite.
Em gatos, os sinais muitas vezes são inespecíficos: apatia, falta de apetite e respiração ofegante.
A idade ou a raça influenciam no risco de doenças do coração em animais?
Raphaela Marques:
Idade: Animais idosos apresentam maior predisposição, principalmente cães de pequeno porte com degeneração valvar mitral e gatos com cardiomiopatia hipertrófica (CMH). Já as cardiopatias congênitas surgem em filhotes, podendo ser detectadas nas primeiras consultas, geralmente pela presença de sopro cardíaco.
Raça:
- Cães de pequeno porte: Cavalier King Charles Spaniel, Poodle e Dachshund → predisposição para doença valvar mitral;
- Cães de raças grandes e gigantes: Dobermann, Boxer, Dogue Alemão, São Bernardo e Fila Brasileiro → predisposição para cardiomiopatia dilatada (CMD);
- Gatos: Maine Coon e Ragdoll → predisposição genética para CMH.
De que forma a alimentação balanceada e a prática de atividades físicas ajudam na prevenção dessas doenças?
Raphaela Marques: A alimentação adequada evita a obesidade, que aumenta a sobrecarga cardíaca, além de fornecer nutrientes essenciais — como a taurina, indispensável para gatos e algumas raças de cães. Já a prática de atividade física regular ajuda a manter o peso saudável e melhora o condicionamento cardiovascular. No entanto, em animais já diagnosticados, o exercício deve ser monitorado e adaptado pelo veterinário.
Quais exames veterinários são fundamentais para o diagnóstico precoce de problemas cardiovasculares em cães e gatos?
Raphaela Marques:
- Exame clínico e auscultação cardíaca (primeira etapa);
- Ecocardiografia → padrão-ouro para avaliação estrutural e funcional;
- Eletrocardiograma (ECG) → detecção de arritmias;
- Aferição da pressão arterial;
- Radiografia de tórax → avaliação de congestão pulmonar e cardiomegalia;
- Exames laboratoriais (função renal, NT-proBNP, troponina I e eletrólitos).
Que orientações finais você deixaria aos tutores sobre a importância da prevenção e do acompanhamento regular da saúde cardíaca dos pets?
Raphaela Marques: É fundamental realizar check-ups periódicos, principalmente em animais idosos ou de raças predispostas. Os tutores devem estar atentos a sinais sutis no dia a dia e comunicá-los ao veterinário. Além disso, manter alimentação balanceada, peso adequado e rotina saudável é essencial. O diagnóstico precoce possibilita tratamentos mais eficazes e melhor qualidade de vida. Afinal, a saúde do coração impacta diretamente a longevidade do pet — cuidar dela é um ato de amor e responsabilidade.